A novela da pintura de tons em dourado na Catedral de Santo Antônio, sede de Diocese de Campo Maior (PI), ganha novos capítulos. Em nota de esclarecimento publicada na noite desta quinta (10), assinada pelo bispo diocesano Dom Francisco de Assis, e pelo pároco, Padre Gilberto Felipe, a Igreja Particular afirma que foi acusada pela Prefeitura de Campo Maior, através da Secretaria Municipal de Planejamento, de estar realizando a pintura do templo de maneira irregular e que foi ameaçada de receber multas.

O documento diz que, alegando a falta de alvará e do registro de propriedade da Catedral, a obra foi embargada pelo Poder Público, sem qualquer diálogo com a diocese.

A nota afirma que a secretaria alegou que o imóvel seria tombado, e que isso não procede à realidade : "Na argumentação foi dito que o prédio era tombado; o que não se verifica em documento. Portanto, não foi apresentada prova documental. Caso o fosse, a Diocese seria a primeira a possuir esta documentação. Inclusive, a pintura caracteriza-se como conservação do bem e não modificação arquitetônica se houvesse tombamento. A notificação nos causou estupefação, pois contém ameaças contra a Paróquia de Santo Antônio, referente a pagamento de multas", diz o documento.

A Igreja diz que tanto o bispo como o clero foram "feridos pela arrogância e prepotência dos autores da ação": "Faltou polidez da parte que apresentou a notificação, pois sabendo o endereço do pároco e também do bispo diocesano não se deram ao trabalho de marcar uma audiência para questionar e dirimir quaisquer dúvidas ou entraves. Aqui está a nossa indignação. A questão não é de tons, mas sim de fineza no trato, polidez e bom senso, pois aqueles que nos notificaram deveriam, a priori, considerar que não se trata de um imóvel qualquer, mas da Catedral Diocesana de mais de 300 mil católicos nos vinte e seis municípios que compõem a Diocese", diz a nota.

O INÍCIO DA CONFUSÃO

A confusão sobre a pintura da Igreja começou após publicação no dia 3 de novembro de 2022 de uma reportagem deste colunista, aqui no Diário de Campo Maior, onde mostramos que a proposta dividiu opiniões de fiéis. As cores branca e cinza seriam trocadas tendo como motivo a comemoração dos 50 anos de instalação da diocese, no dia 12 de junho de 2026.

O anúncio da pintura foi feito pelo bispo através das redes sociais no sábado (29/10), junto com uma imagem ilustrativa de como ficaria o templo após a conclusão. Na postagem, fiéis se dividiram, de um lado alguns apoiando a iniciativa, e outros caracterizando a escolha das cores como de "péssimo gosto", é o caso do humorista piauiense João Claudio Moreno, que deixou seu comentário desaprovando a ideia. Após a reportagem do Diário de Campo Maior, Dom Francisco apagou a publicação.

OPINIÃO DO COLUNISTA

Quem fala o que quer, ouve o que não quer. O ditado pode ser usado também para as ações humanas. Hoje, a briga declarada entre Diocese de Campo Maior e Prefeitura de Campo Maior mostra a falta de diálogo entre as instituições. A Igreja, apesar de ter autonomia para isso, pecou por decidir de forma abrupta sobre a pintura, algo que poderia ter sido trabalhado com os fiéis. Já a Secretaria de Planejamento exerceu o seu papel legal, que é cobrar os documentos referentes a a obra, como em questão, porém, essa não é a real finalidade. A intenção é impedir a pintura.

Arrogância e prepotência jamais deveriam ser atitudes de quem trabalha como funcionário público, sobretudo revestidos de um poder constituído. Com a nota, a Igreja espera que os fiéis se posicionem e a defendam.  Continuo com a mesma opinião: A pintura deveria ser preservada, porém, sem a interferência de terceiros. O bispo, neste ponto, acerta ao escrever a nota. Essa "briga de braços" pode ter consequências inimagináveis. Quero ver o desenrolar dessa história e como será o Festejo de Santo Antônio 2023. Pago para ver.

VEJA A NOTA NA ÍNTEGRA: